domingo, 19 de junho de 2011

Nas corredeiras do Mekong

Os 150 quilômetros entre Vientiane e Vang Vieng levaram aproximadamente 4 horas e meia para serem percorridos. Poderia ter sido uma tortura, se a paisagem não fosse tão bonita! Já tinha ouvido falar da beleza das estradas do Laos, e ainda assim me surpreendi: são vales e montanhas que não acabam mais!
Estrada.



Tudo que sabia sobre o lugar é que é cheio de turistas que vão lá pra encher a cara descendo as corredeiras do rio Mekong sentados em pneus e parando de bar em bar no caminho. Vang Vieng tem muito mais do que isso! Tem cavernas, cachoeiras, lagos e claro, as corredeiras. Outra peculiaridade do lugar é que todos os bares, mas todos mesmo sem exceção, passam Friends ou Family Guy na tv. Cheguei a Vang Vieng com a intenção de passar só 1 dia, mas acabei ficando 2 e meio. E poderia ter ficado mais, devido as pessoas que conheci e a outros que reencontrei!



Fiz o tubing com a Lisa, uma alemã que conheci em Java. Foi super legal ter alguém que já conhecia comigo, nos divertimos muito ajudando a encher um bar que tava vazio quando chegamos, chamando os turistas e organizando jogos pra animar – e claro, bebendo de graça pelo apoio!

Lisa e eu, prontas pra começar!

Bear pong!

Tubing.

E foi em Vang Vieng que conheci, dentro de uma caverna, o primeiro brasileiro viajando assim como eu. Que por coincidência é um dos melhores amigos do João, que foi meu roommate em Montreal em 2001. Quais as chances?

Em sentido horário, eu, Paul e Renato, dentro da caverna.


quarta-feira, 1 de junho de 2011

Laos, 40 graus!

Cheguei a Vientiane ainda pela manhã, mas com um sol de meio-dia. O contraste entre Hanói e a capital do Laos não podia ser maior: Vientiane é bem menor, mais limpa, menos motos, muito mais calma. A sensação de paz que se sente é indescritível. E menciono isso porque estava meio preocupada em chegar no Laos e ser tudo muito devagar, como mencionam nos guias. Estou com meu tempo contado, a possibilidade de atrasos ou cancelamentos já estava me deixando nervosa e preocupação e correria é tudo o que menos quero nessa viagem. Mas a maneira como o povo fala com os turistas, sempre com um sorriso no rosto, acalma qualquer cabeça quente.

Durante o voo, decidi fazer uma semi programação do meu tempo no país, e por isso cheguei sabendo que ia ficar só um dia na cidade. Almocei um prato de noodles, com a minha primeira Beer Lao para acompanhar, e fui checar o Buddha Park.

Cerveja local, pra refrescar no insuportável calor de Vientiane!


Nunca tinha ouvido falar do lugar, fica meio distante do centro da cidade até, mas vi a descrição no Lonely Planet e decidi arriscar a ida. No ônibus conheci um alemão que também estava indo para o mesmo lugar e que veio a Vientiane só para ver esse parque, depois de assistir a um documentário na televisão. O parque não decepcionou: são vários budas, em diferentes posições e formatos.

Os budas do Buddha Park.


Como o deslocamento até o parque me tomou bastante tempo e tudo fecha cedo, acabei não conseguindo ver muito mais do que isso, a não ser alguns templos e prédios por fora. Então voltei para o hotel e fiquei conversando com o pessoal da recepção. É preciso abrir um parênteses pra diferenciar o povo do Laos pro do Vietnam. Os vietnamitas são super simpáticos, mas por estarem cercados de países ainda mais simpáticos que eles, acabaram levando a fama de não serem tão legais. Os vietnamitas não puxam muito assunto e conversam somente o necessário. O povo do Laos é mais interessado e pergunta mais sobre a vida da gente.

Mas voltando à recepção, conversando com eles comentei que estava indo jantar na feira noturna. “Muito caro!”, eles me falaram.

- Como assim muito caro se no meu guia indicam esse lugar como uma opção barata pra jantar? Onde é barato então?

- Tem um restaurante, na beira do rio, onde eu como todos os dias, que custa 20.000 Kip (o equivalente a 4 reais) e se pode comer a vontade – carne, salada, sobremesa,... Se quiser a gente pode ir lá.

- Então tá, que horas tu sai pra jantar?

- Sério?

- Sim, tu não me convidou?

Então às 20h fomos no tal do restaurante. Não sei se teria pagado a mesma coisa se tivesse ido sozinha – na maior parte do sudeste asiático, os preços são diferentes pra locais e turistas. Mas com certeza não teria entendido o esquema nem conseguido me comunicar com ninguém. O restaurante funcionava da seguinte forma: a gente vai até o buffet, se serve de carne (ainda cruas) e vegetais. Além disso, claro que eles têm arroz, noodles (vulgo “miojo”), e algumas outras coisas não identificáveis. Depois de se servir, se volta para a mesa onde eles colocam uma panela no buraco que fica no centro, cheia de carvão, e uma chapa em cima pra se assar a carne e cozinhar os vegetais. Foi de longe o melhor custo benefício  encontrado até agora!

Chapa: carne no meio assando e legumes ao redor cozinhando.

Nós jantando.

No dia seguinte pela manhã, deixei Vientiane e segui rumo a Vang Vieng. Planos de ficar 1 dia para experimentar o tubing e depois seguir viagem!

domingo, 15 de maio de 2011

Halong Bay

É o principal tour vendido em Hanói pelas agências de viagem. Cada uma oferece por um preço diferente, e dizem que o tipo de barco varia também. Decidi que faria no mais barato possível, porque na verdade o que importava pra mim era ver Halong Bay, e não o barco em si. E fiz a escolha certa. Paguei 30 dólares pelo tour, enquanto no mesmo barco que eu quem pagou mais barato pagou 55 dólares. Bom, comecei descrevendo isso não porque sou pão-dura (já melhorei bastante nesse aspecto!), mas porque acho que é uma dica boa para quem quer conhecer o lugar, não se iludir achando que pagando mais vai ser melhor. Mas vamos a Halong Bay.

É um destino obrigatório no Vietnam, mas com muitos muitos muitos turistas. E que requer bastante paciência também. Primeiro que os ônibus nunca saem de Hanoi no horário. Até chegar todo mundo, organizar quem vai em cada ônibus, só esse processo leva uma hora mais ou menos. A viagem é longa, umas 3 horas e meia, mas levou mais pelo fato de ser feriadão no Vietnam. Chegando em Halong City, no porto, vai mais uma hora e meia a mais organizando quem vai pra cada barco. São todos muito parecidos, então não importa muito em qual se vai ficar. Importa mais com quem te colocam. E eles separam ocidentais de orientais. Todos demonstraram alívio quando isso foi feito, mas percebi uma pontinha de inveja quando à noite, depois da janta, sentamos no deck pra conversar enquanto os barcos dos orientais seguiam animadíssimos com karaokê até altas horas.

O tour pode ser feito de 1 até 9 dias. Geralmente se faz em 2 ou 3. O meu era de 2 dias, com uma noite no barco. Há paradas pra visitar cavernas, passear em barcos menores e ir em locais onde só eles conseguem entrar, e andar de caiaque. A paisagem é realmente muito bonita, e mesmo já tendo visto tanta coisa desde que saí do Brasil ainda assim consigo me impressionar.

Eu admirando a vista.

domingo, 1 de maio de 2011

De trem no Vietnam

Fui pra Sapa de trem, em uma cabine com quatro camas. Ótimo, dormi a viagem inteira, super confortável. Mas pra voltar, como seria no meio de um feriado, só consegui poltrona. Tudo bem, pensei, reclino e durmo, fazer o quê. Vão ser 9 horas mal dormidas.

Qual não foi minha surpresa ao chegar no trem e ver que não são poltronas, mas bancos duros. Estilo aqueles de bonde antigo, sabe? Quando o trem começou a andar, as pessoas começaram a se acomodar: umas no chão, outras trouxeram banquinhos pra sentar no corredor, tudo meio um por cima do outro. Tá, até aí tudo bem. Mas em uma das paradas, de repente, entrou uma galera e ficou de pé no corredor. Pensei: vão viajar 8 horas assim? Que nada, pegaram cantos de poltronas, sentaram sobre as malas, e eu to aqui toda espremidinha escrevendo este post agora. Porque não podia perder esse momento de inspiração. No momento, tem uma vietnamita deitada sobre os meus pés, e ainda faltam umas 6 horas de viagem. Socorro!

UPDATE: antes tinha uma moça passando com um carrinho de comidas, pra quem quisesse comprar. Tinha esquecido dela, mas agora ela tá aqui passando de novo. Todo mundo levantando do corredor pra ela passar, e voltando para o mesmo lugar em seguida. Coitados, me deu pena. Eu to mal mas tem gente que tá pior...

UPDATE 2: acabou de passar um guarda organizando a bagunça. Cada um no seu lugar, e devolvam as cortinas que foram tiradas da janela pra serem utilizadas de lençol!

UPDATE 3: quem tá na chuva é pra se molhar! Já tenho minhas pernas entrelaçadas com a da mulher na minha frente, com a qual me comunico somente com olhares e sorrisos. O próximo passo é dormir de conchinha com a que tá do meu lado.

UPDATE 4: sobrevivi, mas praticamente não dormi a viagem inteira. A partir de agora, mesmo que seja mais caro, só viajo em trem noturno em cabine.

Sapa

Um dos lugares mais bonitos do Vietnam. A cidade fica nas montanhas, e me lembrou Gramado, um pouco por causa das construções e outro bocado por causa da névoa que encobria a cidade. Não era pra estar frio, mas dei azar e não só estava frio como chovendo. Até que foi bom sentir um friozinho, porém seria melhor se estivesse mais preparada. Mas claro que a lei de Muphy não poderia falhar: na única vez que viajei sem todas as minhas coisas – deixei quase tudo em Hanoi na casa da Erika – precisei delas.

As principais atrações em Sapa são os vilarejos próximos, onde se pode ver diferentes tribos vietnamitas. Geralmente se vai a pé até essas tribos através de trilhas, mas desanimei dessa programação por causa da chuva e acabei indo de moto visitar a mais distante e a pé só em uma delas, que exigia só 3 quilômetros de caminhada (6 considerando ida e volta). A paisagem nos caminhos para as vilas é indescritível: montanhas com terraços de plantações de vegetais por todos os lados.

Caminho para o vilarejo de Cat Cat.

Caminho para Ta Phin.


Não é realmente necessário ir até as vilas pra ver as tribos, pois elas se encontram por toda a parte na cidade. Ficam em volta dos turistas vendendo bordados lindos feitos por elas mesmas, mas com uma insistência quase infantil: “quanto tu me paga?” “Não não, não quero comprar.” “Quanto tu me paga?” “Quanto tu me paga?”

O povo dessa região é geneticamente e culturalmente diferente do resto do país, e dizem que por ter a pele mais escura são bastante descriminados nas outras regiões, e por isso estão destinados a viver ali para sempre. Eu achei eles mais bonitos, as roupas das tribos são lindas e os bebês tem uma carinha redondinha, usam toucas e são carregados nas costas das mães ou das irmãs mais velhas.




No fundo, fiz menos em Sapa do que eu deveria, mas aproveitei pra botar o blog em dia e ficar debaixo do edredon fofinho de penas de ganso que o meu hotel de 15 reais oferecia! :)

Ho Chi Minh

Ele é o cara! Adorado por todos os vietnamitas, a imagem dele está por tudo, e muitas vezes inclusive em templos, onde é venerado como se fosse um santo. Pra quem não sabe (eu mesma antes de chegar aqui não sabia), Ho Chi Minh foi um estadista e revolucionário vietnamita. Agora, o que eu não sabia mesmo, é que o homem tá morto e empalhado, ops, embalsamado em um mausoléu em Hanoi. Triste é que ele pediu pra ser cremado, mas desconsideraram completamente a vontade dele.

Durante 3 meses por ano, o corpo dele é enviado pra Rússia pra manutenção. A visitação é permitida somente pela manhã, até às 11h, e só em alguns dias da semana. Mas eu dei sorte, e estava lá no dia e na hora certa, com o anfitrião em casa.

Nunca vi segurança igual! Raio x, guardas em toda a volta do mausoléu (que não é pequeno!), regras e mais regras. Não pode entrar com roupas acima do joelho ou com os ombros de fora. Não pode entrar com comidas ou bebidas. Mochilas grandes também não são permitidas, mesmo se revistarem e virem que não tem nada dentro (o que era o meu caso). Maquinas fotográficas são deixadas na entrada e retiradas na saída.

Pronto, agora podem ir. E shhhhhh, sem conversas dentro do mausoléu. A fila anda rápido, e ao chegar no topo da escada lá está ele, como se fosse um venho homem dormindo. Morreu com 80 anos, mas até que estava bem pra idade. A fila dá a volta no caixão, que está em uma ilha no meio da sala, cercada por soldados que não se movem. Nunca tinha visto ninguém embalsamado, Ho Chi Minh foi o meu primeiro!

Mausoléu do Ho Chi Minh.


Como não é permitido câmera, não tenho foto dele, mas: Google it! Duvido que não tenha nenhuma foto na web pra matar a curiosidade! E by the way, a entrada no mausoléu por mais incrível que pareça, é de graça!

Comendo cobra

Não podia ir embora do Vietnam sem experimentar uma carne exótica. Cheguei em casa depois de um dia passeando pelo centro de Hanoi e convidei a Erika para uma aventura gastronômica. Cachorro ela não tem coragem de experimentar, mas cobra ela também queria conhecer. Pegamos um taxi e fomos a La Mat, o bairro onde se encontram os restaurantes que servem cobra.

Chegando lá não foi tão fácil assim de encontrar um restaurante: eu imaginei, e acho que ela também, que seria um do lado do outro. Andamos um bocado pelas ruelas escuras do bairro até que achamos um lugar onde tinha uma placa com a figura de uma cobra, e apesar de não parecer imaginamos que devia ser um restaurante. Era.

Subimos, dissemos que queríamos ver a cobra e começamos a negociar o preço. 1 milhão por quilo – o equivalente a 100 reais. Bem caro! Através de mímica e de algumas palavras em vietnamita que a Erika já consegue falar, explicamos que 1 quilo era muito pra nós duas. Mas o cara tava irredutível. Aí chegou um outro com um saco de juta, virou o saco e jogou uma cobra no chão. Que medo! A cobra nervosa começou a vir na nossa direção com algumas paradas na posição original de bote. Mudamos de ideia rapidinho e começamos a falar: não, não, não, não, pode guardar, não queremos ver mais a cobra – tudo isso com cara de pânico e as pernas em cima da cadeira ao lado. Me deu até ataque de riso de tão nervosa que fiquei!

O cara guardou a cobra e foi embora. De repente surgiu com outro saco: não, não, não, não queremos ver (cara de pavor de novo, outro ataque de riso!). Mas ele insistiu e tirou a outra cobra, só que dessa vez segurou na mão, pra nos mostrar o tamanho dela. Era menor que a outra, mas ainda muito grande. Por último ele veio com outro saco, e dessa vez se convenceu que a gente não queria ver MESMO e que confiávamos nele, e então compramos uma cobra de meio quilo.

Perguntaram se queríamos tomar o sangue: sim, é tradição tomar o sangue da cobra misturado com vinho, e depois engolir o coração ainda pulsando. Dizem que é afrodisíaco. Afrodisíaco ou não, recusamos. Até porque já tinham me falado que o gosto é horrível, de sangue mesmo!

No fim trouxeram a carne preparada de várias maneiras: com legumes, rolinhos primavera, em forma de farofa, etc. A carne tem gosto bom, mas é meio borrachuda.

Nós no restaurante.

Carne de cobra.
PS: como foi difícil de achar, deixo aqui o endereço do restaurante em que fomos, para quem quiser experimeitar: 

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Café com ovo

Em Santiago, Chile, conheci um vietnamita que fez uma lista de comidas que eu deveria experimentar em Hanói, mas de longe o que me despertou maior curiosidade foi o café com ovo. No meu primeiro dia em Hanói fui em busca dessa especialidade, com o nome da rua e do lugar em mãos. Circulei pela rua inteira, do inicio ao fim, e não encontrei o tal lugar. Perguntar onde era não adiantava, já que ninguém entendia o que eu queria encontrar. Só apos entrar em uma agencia de turismo que me foi extremamente solícita, consegui o numero do restaurante - não que eles conhecessem, mas fizeram uma busca na internet pra mim.

Entrada do café, pra ninguém se perder como eu.


A entrada era estreita, e o café ficava no final do corredor. Pedi um “café giang”, hot, e claro que não aguentei esperar e fui atrás do garçon na cozinha pra ver como eles iam fazer o tal do café. Na verdade eles já têm uma mistura pronta, que tiram da geladeira e que parece uma gemada (mais tarde através de mímicas e desenhos descobri que é uma gemada com leite). Botam na xícara junto com o café, que por si só já é uma delícia (o café vietnamita tem um gosto de baunilha, ou meio achocolatado para o paladar de alguns). Tomei o quente e pedi um gelado, pra poder comparar. Ambos são ótimos, o gelado com mais gemada e menos café do que o quente. Não entendo porque nenhum guia de viagem fala sobre isso, aparentemente é costume antigo em Hanói tomar esse tipo de café. Bom, fica aí a dica no “Guia da Laura”!



Hanoi

Se Ho Chi Minh é a cidade dos parques, Hanoi é a dos lagos. É só ver os mapas das duas cidades pra perceber que onde uma tem verde, a outra tem azul. E como não podia deixar de ser, tem também muitos templos e um trânsito maluco.

Fui recebida em Ho Chi Minh pela Erika, uma italiana que conheci na Austrália, no tour que fiz pela Great Ocean Road. Ela veio morar no Vietnam por 2 anos, pois o namorado dela, que trabalha pra Vespa, foi transferido para Hanói (adoro as profissões óbvias! Na Austrália também conheci um suíço e adivinha o que ele fazia da vida? Conserto de relógios! :) ). A Erika foi, e ainda está sendo, uma mãe pra mim: me ajudou com a organização da minha programação nos meus últimos dias no Vietnam, me levou pra passear pela cidade, e no dia em que fui para Sapa me deu até lanchinho pra levar na viagem!

Eu e Erika.

Danang

Desde que comecei essa viagem, algumas vezes tive a sensação de que o dia não podia ser mais perfeito. Foi assim no dia do meu aniversário quando saltei de paraquedas, no meu último dia em Melbourne quando reencontrei minha amiga May, em Pangandaran quando fiz o passeio para o Green Canyon, e agora neste dia que passei em Danang.

Os guias não falam muito sobre esse destino, mas decidi checar pois havia sido recomendada por um amigo: “vai à China Beach, perto de Danang, e fica com o Hoi!”. Desci do ônibus no centro de Danang e peguei uma moto-taxi até China Beach. Não tinha ideia de onde ficava o tal do Hoi, e também não tinha como perguntar por que, pra variar, o motorista não falava inglês. Casualmente passei na frente de um lugar que se chamava “Hoa’s Place”, e pedi pra parar. O Hoa tava lá sentado no restaurante, e a primeira coisa que me perguntou, com um inglês perfeito, é se eu tinha sido recomendada por alguém. Enquanto eu fazia o check in (quarto a 5 dólares, na beira da praia), ele me explicou o esquema do lugar: “temos aqui o cardápio, quando quiser qualquer coisa é só anotar no papel e entregar pro garçom. As bebidas estão na geladeira. Qualquer coisa que quiser é só se servir e anotar no caderninho, paga na saída. A janta é servida às 19h, jantamos todos juntos. Se precisar alugar moto ou prancha de surf, também alugamos aqui”. Além do esquema ótimo, as bebidas e comidas eram baratas e excelentes!

Hoa e eu.

Janta comunitária: ótima forma de conhecer pessoas!

No dia em que cheguei tava meio nublado, mas no segundo dia abriu um solaço. Acordei cedo e fui pra avenida principal tentar uma carona pra ir pra praia ao lado. A espera não chegou a ser de 5 minutos, uma guria parou a moto e me levou até onde eu queria. Aluguei uma prancha e surfei por 2 horas e meia, com a praia todinha só pra mim! E por não ter ninguém olhando, progredi no meu surf: não passo mais pela etapa de ficar de joelhos na prancha, finalmente agora consigo ficar de pé direto. :)  Devolvi a prancha e voltei a pé para o meu hotel, 1 hora e 15 caminhando pela beira da praia. Cheguei e comi um peixe delicioso, num dos meus pratos preferidos do Vietnam: rolinhos de folha de arroz. A folha de arroz é dura e quase transparente, mas é só umedecer que amolece e fica meio grudenta, o que possibilita fechar o rolo. No meio se põe o que quiser, mas geralmente muita salada e algum tipo de carne. E pra finalizar, molha-se o rolinho em um molho de peixe levemente apimentado. Muito bom!


Infelizmente minha estada foi curta porque já estava com meu voo marcado pra Hanoi. Esse é o tipo de lugar que se chega e não dá mais vontade de ir embora. Ah, e pra completar, há 10 minutos a pé tem a Marble Mountain (montanha de mármore), com vários templos, alguns dentro de cavernas enormes, e de onde se tem uma vista panorâmica da praia ao se chegar ao topo.

Vista de China Beach, do topo da Marble Mountain.


Mas Hanoi me espera, e lá vou eu outra vez!

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Hué e Hoi An

Já falei em outro post que tenho tendência a gostar de lugares que os outros não gostam. Não sei muito bem a opinião que as pessoas têm sobre Hué, mas em Phu Quoc um cara veio me pedir informação na rua e começou a dar opiniões sem ser requisitado, e uma delas era falando mal de Hué. Pronto, pra que! Adorei Hué!

Uma cidade cultural, cheia de universidades, e que foi por quase 150 anos capital do Vietnam.  Há templos por todos os lados, pagodas, tumbas reais, jardins, e a famosa Cidadela, a cidade imperial.

Entrada da cidadela.

Tumba do Minh Mang.


Não muito longe de Hué fica Hoi An, que é menor e cheia de construções antigas também. Hoi An é “A” cidade pra quem quer fazer coisas sobre medida, principalmente roupas e sapatos. Eles fazem de um dia para o outro, e como são muitos é difícil saber se o resultado vai ser bom ou não. Tive sorte com a minha sandália, já a calça não posso dizer a mesma coisa...

Lojas que fazem roupas sob medida: é uma do lado da outra!

Ponte japonesa: o cartão postal da cidade.

Tenho que admitir que depois de um tempo cansa ver tanto templo. São muitos, todos lindos, mas no fim acaba sendo repetitivo. Não faço mais questão de entrar, prefiro sair andando pela cidade descobrindo coisas novas ou simplesmente aproveitando a atmosfera do lugar. Hoi An vale uma visita!

Um pedaço do paraíso

Em Ho Chi Minh passei um dia com uma francesa que conheci na rua, que estava no Vietnam porque o namorado ia trabalhar em Phu Quoc por uns 3 meses. Como ainda não tinha planos do que fazer no Vietnam e a descrição me pareceu interessante, decidi arriscar e ir para lá depois do Delta do Mekong.

Phu Quoc é uma ilha a mais ou menos 1 hora e meia de distância de ferry. Em alguns guias foi citado ser uma das praias mais limpas do mundo (o que é uma façanha pro sudeste asiático, onde eles jogam lixo no chão ou no mar sem dó nem piedade).

Long Beach: primeira vista do mar que tive, ao chegar no restaurante para o café da manhã.

Sao Beach: água transparente!

A água é quente, transparentessíssima e sem ondas – quase um lago. O por do sol é um dos mais bonitos que já vi: os raios de sol formavam um leque e cada raio refletia no céu com um tom diferente de azul. A maioria dos hotéis ficam na beira da praia, e oferecem bangalôs ou quartos. Dividi quarto com uma austríaca que conheci na van que peguei pra ir até o hotel, então ficamos em um bangalô (o que custou 10 reais pra cada uma). Aproveitei meu tempo lá pra relaxar, tomar sol, ler, jogar conversa fora. Foram 4 dias na ilha, dava pra ficar mais sem sombra de dúvida! Ainda bem que começou a chover no dia do meu voo de partida...

Dá pra ter uma ideia dos tons de azul, apesar da foto não fazer justiça.

Relax!



Mercado flutuante

Dizem que é o maior do mundo, mas sempre desconfio dessas estatísticas. O fato é que é bem grande e muito interessante de se ver, principalmente para nós ocidentais. O mercado flutuante de Cai Be fica no delta do Mekong, no sul do Vietnam. São diversos barcos, cada um vendendo um tipo de fruta ou verdura. Para saber onde encontrar o que se procura à distância, basta olhar para os mastros dos barcos, onde os vendedores penduram seu principal produto.

Esse aí vende abobrinha (ou seja lá o que isso for!).

As famílias locais frequentam o mercado diariamente, às vezes tendo que navegar por aproximadamente 1 hora pra chegar até ele, tudo para ter comida fresca diariamente. Eles acham engraçado nosso costume de fazer compras 1 vez por semana, pra eles isso é um absurdo.

Vendedores e compradores: mal se identifica quem é um e quem é outro.

Atravessando a rua

Lendo guias sobre o Vietnam, todos comentam a aventura que é cruzar a rua no país. O trânsito não tem muita regra, carros e motos passam no sinal vermelho e entram na contramão o tempo todo. Faixa de segurança é mais um enfeite no asfalto do que qualquer outra coisa – não sei nem por que se dão ao trabalho de pintar!

Mas o fato é que atravessar a rua é mais fácil do que parece. Ao contrário do que geralmente fazemos, aqui não adianta esperar: as motos nunca param de passar. Então, o jeito é atravessar mesmo com elas vindo. Bota-se o primeiro pé na rua, olha-se na direção do fluxo do trânsito e se começa a andar bem devagar, sem parar ou correr. Assim, dá tempo dos motoristas desviarem, ou freiarem em último caso. Funciona!

Vejam como a moça caminha tranquilamente em frente às motocicletas.

Túneis e templos

Perto de Ho Chi Minh ficam os famosos túneis de Cu Chi, usados pelos Vietcongs na Guerra do Vietnam para se esconderem durante o combate. Eu imaginava que ia chegar lá e ver somente túneis, mas na verdade o local onde eles ficam é bem organizado, e se pode ver crateras de bombas, armadilhas utilizadas em guerra (muitas delas feitas a partir da reciclagem das bombas atiradas pelos americanos), armas, a forma como os soldados viviam durante a guerra. É impressionante se imaginarmos o quanto perigoso era estar ali há alguns anos atrás.

Maquete dos túneis: havia armadilhas também dentro deles!

Dos aproximadamente 200 quilômetros de túneis em Cu Chi, 121 ainda existem e são preservados pelo governo do Vietnam. A parte em que eles permitem que os turistas visitem foi ampliada, pois a original é muito estreita pros padrões ocidentais. Já achei bastante claustrofóbico assim, não consigo nem imaginar menor!

Falta muito???

Antes de chegar aos túneis, os ônibus geralmente param em Tay Ninh, onde se encontra o maior templo Cao Dai do Vietnam. Não sabia nada sobre caodaísmo, mas me pareceu uma religião meio militar. Eles têm tipo uma guarda no templo, que fica com apitos e regula a posição de cada um dos participantes da cerimônia, milimetricamente. Tirando isso a cerimônia é bonita, e o templo parece um castelo da Disney, com dragões e tudo muito colorido.

Uma das guardas, carrancuda.

A cerimônia, todos muito bem alinhados.

O templo, que podia muito bem ser um castelo da Disney.


Good evening, Vietnam!

Cheguei em Ho Chi Minh (antiga Saigon) no final da tarde. Apesar de não gostar de chegar à noite em cidades desconhecidas, não tive muita escolha por causa dos horários dos voos. No final não foi ruim, pois conheci uma canadense na fila da Imigração e rachamos taxi e um quarto no centro da cidade.

Minha primeira impressão da cidade foi ótima: mais limpa que Jakarta, as mulheres usando shorts e roupas normais nas ruas, a região dos albergues realmente movimentada. Carrocinhas com comidas de todos os tipos, indistinguíveis, e parques por todos os lados. A cidade é bastante verde, e os HoChiMinhguenses (como se chama quem mora em Ho Chi Minh?) aproveitam os parques pra jogar peteca (eles são ótimos nisso!), fazer exercícios depois do expediente, ou simplesmente relaxar. Aliás, me chamou a atenção como os vietnamitas são preocupados com a saúde: além dos exercícios nos parques, eles usam máscaras para se proteger da poluição e também do sol (vi protetor solar com fator 81 aqui, pela primeira vez na minha vida!).

Um dos parques de Ho Chi Minh.


Uma das coisas mais legais que vi foi o Museu da Guerra, que é bastante impressionante. Além de armas, aviões e tanques utilizados, tem uma grande exposição de fotos de gente despedaçada e muita informação sobre o efeito que as armas químicas causaram e ainda causam até hoje nos vietnamitas. Já se está na terceira geração desde o fim da guerra e ainda há crianças nascendo com deformidades. Fiquei pensando, será que esse também vai ser o destino do Japão, depois do vazamento nuclear?

Vietnamita sendo jogado de avião. Não, não tirei foto dos despedaçados.

Massagens e afins

Nada mais barato na Indonésia que salões de beleza. Eles estão por toda parte, oferecendo manicure, pedicure, depilação, corte de cabelo, tudo a preço de banana: uma média de 10 reais cada serviço. Ficam várias mulheres na frente das lojas entregando panfletos e oferecendo os serviços. Tentador. Eu mesma não resisti e experimentei a depilação (que é sempre feita com roll-on, então pensem bem pra não cometerem o mesmo erro que eu e solicitar virilha). Mas entre todos os serviços, o mais frequente e impossível de não sucumbir são as massagens. Porque isso é literalmente oferecido por todos: se vem alguém querendo vender colares e pulseirinhas na beira da praia e a gente não compra nada, no final vão acabar oferecendo uma massagem. E geralmente começam a fazer mesmo sem a gente pedir, tipo uma degustação.

Descobri na prática que cada ilha da Indonésia tem um estilo diferente de massagem: a de Bali é diferente da de Lombok, que por sua vez é diferente da de Java. Em 1 mês tive quatro tentativas: uma a 4 mãos em Lovina no quarto do hotel, outra com pedras quentes em um salão em Kuta, em Sire Beach uma excelente mas de só meia hora em um spa, e em Pangandaran de novo no meu quarto e pela primeira vez feita por um homem (geralmente são mulheres que oferecem esse serviço). O preço médio é de 60.000 rúpias (o equivalente a 12 reais). A de pedras quentes paguei um pouco mais (100.000, ou 20 reais), mas era de 1 hora e meia de duração. Vale experimentar todas – e mais de uma vez, se der tempo.

sábado, 23 de abril de 2011

Como ser famoso em 1 passo

No início é engraçado, mas depois de um tempo acaba sendo um pé no saco. Se alguém tiver vontade de saber como é ser uma celebridade, é só ir pra Indonésia. Cumprimentar todos é o de menos, isso é até divertido, principalmente pela cara de felicidade deles ao receberem uma resposta. Mas tirar foto toda hora não dá pra aguentar!

Nas primeiras vezes que me pararam eu pedi pra tirar também. Gradualmente parei de fazer isso, já tinha muita foto de gente desconhecida. No final, comecei a recusar – não por ser má, mas porque toma muito tempo toda a tiração de foto. Geralmente eles vem em grupo, tem que tirar foto com o celular de cada um e mais de uma vez: agora todos juntos, agora nós dois, agora pro meu profile no Facebook,... Mas na primeira vez que recusei, acham que adiantou? O cara bem feliz parou na minha frente, fazendo o vezinho com os dedos típico dos asiáticos, e o amigo tirou a foto. Extremamente irritante! Não condeno mais artistas que se estressam com os fotógrafos, por que tem que se estar de bom humor todos os dias?



quinta-feira, 21 de abril de 2011

Bordel em Java

Conheci uma galera no hotel em que fiquei em Pangandaran, e na nossa última noite decidimos procurar algum bar mais animadinho pra fazer uma despedida. Fomos jantar e nos indicaram um bar para ir depois, que estava completamente morto (num sábado a noite, diga-se de passagem).

Parte da galera: Lisa (Alemanha), Sebastien (França), eu, Max (Holanda) e Florent (França).

Foi então que surgiu a ideia de ir a um dos bares que ficavam no final da praia. Um dos guris tinha passado por lá na noite anterior e disse que estava animado.

Chegamos lá e tinha vários bares com música alta, um do lado do outro e todos bem animados. Até então parecia tudo normal, achamos que fossem karaokês, com gente bem ruim cantando. Quando entramos no primeiro caiu a ficha de onde a gente tava.

Bom, nunca fui em bordel no Brasil, mas nunca imaginei ver coisa assim em país muçulmano. As putas deviam ter por volta de 20 anos, e a maioria caindo de bêbada. Ah, e na verdade não era karaokê, a cantora que era muito, mas muito ruim!

A de vermelho é a cantora!

Ficamos um tempo e saímos. Na saída passamos em outro bar. A música estava alta, então parecia que tinha gente. Entramos e estava completamente vazio. O engraçado é que estávamos em número igual de homens e mulheres, podendo bem ser todos casais, mas mesmo assim, sem cerimônia, uma menina nos levou até uma porta, abriu e apresentou a puta, que nos mostrou que ali era o quarto dela (minúsculo, por sinal) e a cama. Isso foi o que entendemos através de mímica. O mais engraçado foi o holandês, que estava na frente do grupo, tentando disfarçar e pedindo desculpas pra puta por a gente ter acordado ela com o barulho. Hehe... Pangandaran acabou nos mostrando bem mais do que o que a gente queria ver!