domingo, 15 de maio de 2011

Halong Bay

É o principal tour vendido em Hanói pelas agências de viagem. Cada uma oferece por um preço diferente, e dizem que o tipo de barco varia também. Decidi que faria no mais barato possível, porque na verdade o que importava pra mim era ver Halong Bay, e não o barco em si. E fiz a escolha certa. Paguei 30 dólares pelo tour, enquanto no mesmo barco que eu quem pagou mais barato pagou 55 dólares. Bom, comecei descrevendo isso não porque sou pão-dura (já melhorei bastante nesse aspecto!), mas porque acho que é uma dica boa para quem quer conhecer o lugar, não se iludir achando que pagando mais vai ser melhor. Mas vamos a Halong Bay.

É um destino obrigatório no Vietnam, mas com muitos muitos muitos turistas. E que requer bastante paciência também. Primeiro que os ônibus nunca saem de Hanoi no horário. Até chegar todo mundo, organizar quem vai em cada ônibus, só esse processo leva uma hora mais ou menos. A viagem é longa, umas 3 horas e meia, mas levou mais pelo fato de ser feriadão no Vietnam. Chegando em Halong City, no porto, vai mais uma hora e meia a mais organizando quem vai pra cada barco. São todos muito parecidos, então não importa muito em qual se vai ficar. Importa mais com quem te colocam. E eles separam ocidentais de orientais. Todos demonstraram alívio quando isso foi feito, mas percebi uma pontinha de inveja quando à noite, depois da janta, sentamos no deck pra conversar enquanto os barcos dos orientais seguiam animadíssimos com karaokê até altas horas.

O tour pode ser feito de 1 até 9 dias. Geralmente se faz em 2 ou 3. O meu era de 2 dias, com uma noite no barco. Há paradas pra visitar cavernas, passear em barcos menores e ir em locais onde só eles conseguem entrar, e andar de caiaque. A paisagem é realmente muito bonita, e mesmo já tendo visto tanta coisa desde que saí do Brasil ainda assim consigo me impressionar.

Eu admirando a vista.

domingo, 1 de maio de 2011

De trem no Vietnam

Fui pra Sapa de trem, em uma cabine com quatro camas. Ótimo, dormi a viagem inteira, super confortável. Mas pra voltar, como seria no meio de um feriado, só consegui poltrona. Tudo bem, pensei, reclino e durmo, fazer o quê. Vão ser 9 horas mal dormidas.

Qual não foi minha surpresa ao chegar no trem e ver que não são poltronas, mas bancos duros. Estilo aqueles de bonde antigo, sabe? Quando o trem começou a andar, as pessoas começaram a se acomodar: umas no chão, outras trouxeram banquinhos pra sentar no corredor, tudo meio um por cima do outro. Tá, até aí tudo bem. Mas em uma das paradas, de repente, entrou uma galera e ficou de pé no corredor. Pensei: vão viajar 8 horas assim? Que nada, pegaram cantos de poltronas, sentaram sobre as malas, e eu to aqui toda espremidinha escrevendo este post agora. Porque não podia perder esse momento de inspiração. No momento, tem uma vietnamita deitada sobre os meus pés, e ainda faltam umas 6 horas de viagem. Socorro!

UPDATE: antes tinha uma moça passando com um carrinho de comidas, pra quem quisesse comprar. Tinha esquecido dela, mas agora ela tá aqui passando de novo. Todo mundo levantando do corredor pra ela passar, e voltando para o mesmo lugar em seguida. Coitados, me deu pena. Eu to mal mas tem gente que tá pior...

UPDATE 2: acabou de passar um guarda organizando a bagunça. Cada um no seu lugar, e devolvam as cortinas que foram tiradas da janela pra serem utilizadas de lençol!

UPDATE 3: quem tá na chuva é pra se molhar! Já tenho minhas pernas entrelaçadas com a da mulher na minha frente, com a qual me comunico somente com olhares e sorrisos. O próximo passo é dormir de conchinha com a que tá do meu lado.

UPDATE 4: sobrevivi, mas praticamente não dormi a viagem inteira. A partir de agora, mesmo que seja mais caro, só viajo em trem noturno em cabine.

Sapa

Um dos lugares mais bonitos do Vietnam. A cidade fica nas montanhas, e me lembrou Gramado, um pouco por causa das construções e outro bocado por causa da névoa que encobria a cidade. Não era pra estar frio, mas dei azar e não só estava frio como chovendo. Até que foi bom sentir um friozinho, porém seria melhor se estivesse mais preparada. Mas claro que a lei de Muphy não poderia falhar: na única vez que viajei sem todas as minhas coisas – deixei quase tudo em Hanoi na casa da Erika – precisei delas.

As principais atrações em Sapa são os vilarejos próximos, onde se pode ver diferentes tribos vietnamitas. Geralmente se vai a pé até essas tribos através de trilhas, mas desanimei dessa programação por causa da chuva e acabei indo de moto visitar a mais distante e a pé só em uma delas, que exigia só 3 quilômetros de caminhada (6 considerando ida e volta). A paisagem nos caminhos para as vilas é indescritível: montanhas com terraços de plantações de vegetais por todos os lados.

Caminho para o vilarejo de Cat Cat.

Caminho para Ta Phin.


Não é realmente necessário ir até as vilas pra ver as tribos, pois elas se encontram por toda a parte na cidade. Ficam em volta dos turistas vendendo bordados lindos feitos por elas mesmas, mas com uma insistência quase infantil: “quanto tu me paga?” “Não não, não quero comprar.” “Quanto tu me paga?” “Quanto tu me paga?”

O povo dessa região é geneticamente e culturalmente diferente do resto do país, e dizem que por ter a pele mais escura são bastante descriminados nas outras regiões, e por isso estão destinados a viver ali para sempre. Eu achei eles mais bonitos, as roupas das tribos são lindas e os bebês tem uma carinha redondinha, usam toucas e são carregados nas costas das mães ou das irmãs mais velhas.




No fundo, fiz menos em Sapa do que eu deveria, mas aproveitei pra botar o blog em dia e ficar debaixo do edredon fofinho de penas de ganso que o meu hotel de 15 reais oferecia! :)

Ho Chi Minh

Ele é o cara! Adorado por todos os vietnamitas, a imagem dele está por tudo, e muitas vezes inclusive em templos, onde é venerado como se fosse um santo. Pra quem não sabe (eu mesma antes de chegar aqui não sabia), Ho Chi Minh foi um estadista e revolucionário vietnamita. Agora, o que eu não sabia mesmo, é que o homem tá morto e empalhado, ops, embalsamado em um mausoléu em Hanoi. Triste é que ele pediu pra ser cremado, mas desconsideraram completamente a vontade dele.

Durante 3 meses por ano, o corpo dele é enviado pra Rússia pra manutenção. A visitação é permitida somente pela manhã, até às 11h, e só em alguns dias da semana. Mas eu dei sorte, e estava lá no dia e na hora certa, com o anfitrião em casa.

Nunca vi segurança igual! Raio x, guardas em toda a volta do mausoléu (que não é pequeno!), regras e mais regras. Não pode entrar com roupas acima do joelho ou com os ombros de fora. Não pode entrar com comidas ou bebidas. Mochilas grandes também não são permitidas, mesmo se revistarem e virem que não tem nada dentro (o que era o meu caso). Maquinas fotográficas são deixadas na entrada e retiradas na saída.

Pronto, agora podem ir. E shhhhhh, sem conversas dentro do mausoléu. A fila anda rápido, e ao chegar no topo da escada lá está ele, como se fosse um venho homem dormindo. Morreu com 80 anos, mas até que estava bem pra idade. A fila dá a volta no caixão, que está em uma ilha no meio da sala, cercada por soldados que não se movem. Nunca tinha visto ninguém embalsamado, Ho Chi Minh foi o meu primeiro!

Mausoléu do Ho Chi Minh.


Como não é permitido câmera, não tenho foto dele, mas: Google it! Duvido que não tenha nenhuma foto na web pra matar a curiosidade! E by the way, a entrada no mausoléu por mais incrível que pareça, é de graça!

Comendo cobra

Não podia ir embora do Vietnam sem experimentar uma carne exótica. Cheguei em casa depois de um dia passeando pelo centro de Hanoi e convidei a Erika para uma aventura gastronômica. Cachorro ela não tem coragem de experimentar, mas cobra ela também queria conhecer. Pegamos um taxi e fomos a La Mat, o bairro onde se encontram os restaurantes que servem cobra.

Chegando lá não foi tão fácil assim de encontrar um restaurante: eu imaginei, e acho que ela também, que seria um do lado do outro. Andamos um bocado pelas ruelas escuras do bairro até que achamos um lugar onde tinha uma placa com a figura de uma cobra, e apesar de não parecer imaginamos que devia ser um restaurante. Era.

Subimos, dissemos que queríamos ver a cobra e começamos a negociar o preço. 1 milhão por quilo – o equivalente a 100 reais. Bem caro! Através de mímica e de algumas palavras em vietnamita que a Erika já consegue falar, explicamos que 1 quilo era muito pra nós duas. Mas o cara tava irredutível. Aí chegou um outro com um saco de juta, virou o saco e jogou uma cobra no chão. Que medo! A cobra nervosa começou a vir na nossa direção com algumas paradas na posição original de bote. Mudamos de ideia rapidinho e começamos a falar: não, não, não, não, pode guardar, não queremos ver mais a cobra – tudo isso com cara de pânico e as pernas em cima da cadeira ao lado. Me deu até ataque de riso de tão nervosa que fiquei!

O cara guardou a cobra e foi embora. De repente surgiu com outro saco: não, não, não, não queremos ver (cara de pavor de novo, outro ataque de riso!). Mas ele insistiu e tirou a outra cobra, só que dessa vez segurou na mão, pra nos mostrar o tamanho dela. Era menor que a outra, mas ainda muito grande. Por último ele veio com outro saco, e dessa vez se convenceu que a gente não queria ver MESMO e que confiávamos nele, e então compramos uma cobra de meio quilo.

Perguntaram se queríamos tomar o sangue: sim, é tradição tomar o sangue da cobra misturado com vinho, e depois engolir o coração ainda pulsando. Dizem que é afrodisíaco. Afrodisíaco ou não, recusamos. Até porque já tinham me falado que o gosto é horrível, de sangue mesmo!

No fim trouxeram a carne preparada de várias maneiras: com legumes, rolinhos primavera, em forma de farofa, etc. A carne tem gosto bom, mas é meio borrachuda.

Nós no restaurante.

Carne de cobra.
PS: como foi difícil de achar, deixo aqui o endereço do restaurante em que fomos, para quem quiser experimeitar: 

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Café com ovo

Em Santiago, Chile, conheci um vietnamita que fez uma lista de comidas que eu deveria experimentar em Hanói, mas de longe o que me despertou maior curiosidade foi o café com ovo. No meu primeiro dia em Hanói fui em busca dessa especialidade, com o nome da rua e do lugar em mãos. Circulei pela rua inteira, do inicio ao fim, e não encontrei o tal lugar. Perguntar onde era não adiantava, já que ninguém entendia o que eu queria encontrar. Só apos entrar em uma agencia de turismo que me foi extremamente solícita, consegui o numero do restaurante - não que eles conhecessem, mas fizeram uma busca na internet pra mim.

Entrada do café, pra ninguém se perder como eu.


A entrada era estreita, e o café ficava no final do corredor. Pedi um “café giang”, hot, e claro que não aguentei esperar e fui atrás do garçon na cozinha pra ver como eles iam fazer o tal do café. Na verdade eles já têm uma mistura pronta, que tiram da geladeira e que parece uma gemada (mais tarde através de mímicas e desenhos descobri que é uma gemada com leite). Botam na xícara junto com o café, que por si só já é uma delícia (o café vietnamita tem um gosto de baunilha, ou meio achocolatado para o paladar de alguns). Tomei o quente e pedi um gelado, pra poder comparar. Ambos são ótimos, o gelado com mais gemada e menos café do que o quente. Não entendo porque nenhum guia de viagem fala sobre isso, aparentemente é costume antigo em Hanói tomar esse tipo de café. Bom, fica aí a dica no “Guia da Laura”!



Hanoi

Se Ho Chi Minh é a cidade dos parques, Hanoi é a dos lagos. É só ver os mapas das duas cidades pra perceber que onde uma tem verde, a outra tem azul. E como não podia deixar de ser, tem também muitos templos e um trânsito maluco.

Fui recebida em Ho Chi Minh pela Erika, uma italiana que conheci na Austrália, no tour que fiz pela Great Ocean Road. Ela veio morar no Vietnam por 2 anos, pois o namorado dela, que trabalha pra Vespa, foi transferido para Hanói (adoro as profissões óbvias! Na Austrália também conheci um suíço e adivinha o que ele fazia da vida? Conserto de relógios! :) ). A Erika foi, e ainda está sendo, uma mãe pra mim: me ajudou com a organização da minha programação nos meus últimos dias no Vietnam, me levou pra passear pela cidade, e no dia em que fui para Sapa me deu até lanchinho pra levar na viagem!

Eu e Erika.

Danang

Desde que comecei essa viagem, algumas vezes tive a sensação de que o dia não podia ser mais perfeito. Foi assim no dia do meu aniversário quando saltei de paraquedas, no meu último dia em Melbourne quando reencontrei minha amiga May, em Pangandaran quando fiz o passeio para o Green Canyon, e agora neste dia que passei em Danang.

Os guias não falam muito sobre esse destino, mas decidi checar pois havia sido recomendada por um amigo: “vai à China Beach, perto de Danang, e fica com o Hoi!”. Desci do ônibus no centro de Danang e peguei uma moto-taxi até China Beach. Não tinha ideia de onde ficava o tal do Hoi, e também não tinha como perguntar por que, pra variar, o motorista não falava inglês. Casualmente passei na frente de um lugar que se chamava “Hoa’s Place”, e pedi pra parar. O Hoa tava lá sentado no restaurante, e a primeira coisa que me perguntou, com um inglês perfeito, é se eu tinha sido recomendada por alguém. Enquanto eu fazia o check in (quarto a 5 dólares, na beira da praia), ele me explicou o esquema do lugar: “temos aqui o cardápio, quando quiser qualquer coisa é só anotar no papel e entregar pro garçom. As bebidas estão na geladeira. Qualquer coisa que quiser é só se servir e anotar no caderninho, paga na saída. A janta é servida às 19h, jantamos todos juntos. Se precisar alugar moto ou prancha de surf, também alugamos aqui”. Além do esquema ótimo, as bebidas e comidas eram baratas e excelentes!

Hoa e eu.

Janta comunitária: ótima forma de conhecer pessoas!

No dia em que cheguei tava meio nublado, mas no segundo dia abriu um solaço. Acordei cedo e fui pra avenida principal tentar uma carona pra ir pra praia ao lado. A espera não chegou a ser de 5 minutos, uma guria parou a moto e me levou até onde eu queria. Aluguei uma prancha e surfei por 2 horas e meia, com a praia todinha só pra mim! E por não ter ninguém olhando, progredi no meu surf: não passo mais pela etapa de ficar de joelhos na prancha, finalmente agora consigo ficar de pé direto. :)  Devolvi a prancha e voltei a pé para o meu hotel, 1 hora e 15 caminhando pela beira da praia. Cheguei e comi um peixe delicioso, num dos meus pratos preferidos do Vietnam: rolinhos de folha de arroz. A folha de arroz é dura e quase transparente, mas é só umedecer que amolece e fica meio grudenta, o que possibilita fechar o rolo. No meio se põe o que quiser, mas geralmente muita salada e algum tipo de carne. E pra finalizar, molha-se o rolinho em um molho de peixe levemente apimentado. Muito bom!


Infelizmente minha estada foi curta porque já estava com meu voo marcado pra Hanoi. Esse é o tipo de lugar que se chega e não dá mais vontade de ir embora. Ah, e pra completar, há 10 minutos a pé tem a Marble Mountain (montanha de mármore), com vários templos, alguns dentro de cavernas enormes, e de onde se tem uma vista panorâmica da praia ao se chegar ao topo.

Vista de China Beach, do topo da Marble Mountain.


Mas Hanoi me espera, e lá vou eu outra vez!