quinta-feira, 28 de abril de 2011

Hué e Hoi An

Já falei em outro post que tenho tendência a gostar de lugares que os outros não gostam. Não sei muito bem a opinião que as pessoas têm sobre Hué, mas em Phu Quoc um cara veio me pedir informação na rua e começou a dar opiniões sem ser requisitado, e uma delas era falando mal de Hué. Pronto, pra que! Adorei Hué!

Uma cidade cultural, cheia de universidades, e que foi por quase 150 anos capital do Vietnam.  Há templos por todos os lados, pagodas, tumbas reais, jardins, e a famosa Cidadela, a cidade imperial.

Entrada da cidadela.

Tumba do Minh Mang.


Não muito longe de Hué fica Hoi An, que é menor e cheia de construções antigas também. Hoi An é “A” cidade pra quem quer fazer coisas sobre medida, principalmente roupas e sapatos. Eles fazem de um dia para o outro, e como são muitos é difícil saber se o resultado vai ser bom ou não. Tive sorte com a minha sandália, já a calça não posso dizer a mesma coisa...

Lojas que fazem roupas sob medida: é uma do lado da outra!

Ponte japonesa: o cartão postal da cidade.

Tenho que admitir que depois de um tempo cansa ver tanto templo. São muitos, todos lindos, mas no fim acaba sendo repetitivo. Não faço mais questão de entrar, prefiro sair andando pela cidade descobrindo coisas novas ou simplesmente aproveitando a atmosfera do lugar. Hoi An vale uma visita!

Um pedaço do paraíso

Em Ho Chi Minh passei um dia com uma francesa que conheci na rua, que estava no Vietnam porque o namorado ia trabalhar em Phu Quoc por uns 3 meses. Como ainda não tinha planos do que fazer no Vietnam e a descrição me pareceu interessante, decidi arriscar e ir para lá depois do Delta do Mekong.

Phu Quoc é uma ilha a mais ou menos 1 hora e meia de distância de ferry. Em alguns guias foi citado ser uma das praias mais limpas do mundo (o que é uma façanha pro sudeste asiático, onde eles jogam lixo no chão ou no mar sem dó nem piedade).

Long Beach: primeira vista do mar que tive, ao chegar no restaurante para o café da manhã.

Sao Beach: água transparente!

A água é quente, transparentessíssima e sem ondas – quase um lago. O por do sol é um dos mais bonitos que já vi: os raios de sol formavam um leque e cada raio refletia no céu com um tom diferente de azul. A maioria dos hotéis ficam na beira da praia, e oferecem bangalôs ou quartos. Dividi quarto com uma austríaca que conheci na van que peguei pra ir até o hotel, então ficamos em um bangalô (o que custou 10 reais pra cada uma). Aproveitei meu tempo lá pra relaxar, tomar sol, ler, jogar conversa fora. Foram 4 dias na ilha, dava pra ficar mais sem sombra de dúvida! Ainda bem que começou a chover no dia do meu voo de partida...

Dá pra ter uma ideia dos tons de azul, apesar da foto não fazer justiça.

Relax!



Mercado flutuante

Dizem que é o maior do mundo, mas sempre desconfio dessas estatísticas. O fato é que é bem grande e muito interessante de se ver, principalmente para nós ocidentais. O mercado flutuante de Cai Be fica no delta do Mekong, no sul do Vietnam. São diversos barcos, cada um vendendo um tipo de fruta ou verdura. Para saber onde encontrar o que se procura à distância, basta olhar para os mastros dos barcos, onde os vendedores penduram seu principal produto.

Esse aí vende abobrinha (ou seja lá o que isso for!).

As famílias locais frequentam o mercado diariamente, às vezes tendo que navegar por aproximadamente 1 hora pra chegar até ele, tudo para ter comida fresca diariamente. Eles acham engraçado nosso costume de fazer compras 1 vez por semana, pra eles isso é um absurdo.

Vendedores e compradores: mal se identifica quem é um e quem é outro.

Atravessando a rua

Lendo guias sobre o Vietnam, todos comentam a aventura que é cruzar a rua no país. O trânsito não tem muita regra, carros e motos passam no sinal vermelho e entram na contramão o tempo todo. Faixa de segurança é mais um enfeite no asfalto do que qualquer outra coisa – não sei nem por que se dão ao trabalho de pintar!

Mas o fato é que atravessar a rua é mais fácil do que parece. Ao contrário do que geralmente fazemos, aqui não adianta esperar: as motos nunca param de passar. Então, o jeito é atravessar mesmo com elas vindo. Bota-se o primeiro pé na rua, olha-se na direção do fluxo do trânsito e se começa a andar bem devagar, sem parar ou correr. Assim, dá tempo dos motoristas desviarem, ou freiarem em último caso. Funciona!

Vejam como a moça caminha tranquilamente em frente às motocicletas.

Túneis e templos

Perto de Ho Chi Minh ficam os famosos túneis de Cu Chi, usados pelos Vietcongs na Guerra do Vietnam para se esconderem durante o combate. Eu imaginava que ia chegar lá e ver somente túneis, mas na verdade o local onde eles ficam é bem organizado, e se pode ver crateras de bombas, armadilhas utilizadas em guerra (muitas delas feitas a partir da reciclagem das bombas atiradas pelos americanos), armas, a forma como os soldados viviam durante a guerra. É impressionante se imaginarmos o quanto perigoso era estar ali há alguns anos atrás.

Maquete dos túneis: havia armadilhas também dentro deles!

Dos aproximadamente 200 quilômetros de túneis em Cu Chi, 121 ainda existem e são preservados pelo governo do Vietnam. A parte em que eles permitem que os turistas visitem foi ampliada, pois a original é muito estreita pros padrões ocidentais. Já achei bastante claustrofóbico assim, não consigo nem imaginar menor!

Falta muito???

Antes de chegar aos túneis, os ônibus geralmente param em Tay Ninh, onde se encontra o maior templo Cao Dai do Vietnam. Não sabia nada sobre caodaísmo, mas me pareceu uma religião meio militar. Eles têm tipo uma guarda no templo, que fica com apitos e regula a posição de cada um dos participantes da cerimônia, milimetricamente. Tirando isso a cerimônia é bonita, e o templo parece um castelo da Disney, com dragões e tudo muito colorido.

Uma das guardas, carrancuda.

A cerimônia, todos muito bem alinhados.

O templo, que podia muito bem ser um castelo da Disney.


Good evening, Vietnam!

Cheguei em Ho Chi Minh (antiga Saigon) no final da tarde. Apesar de não gostar de chegar à noite em cidades desconhecidas, não tive muita escolha por causa dos horários dos voos. No final não foi ruim, pois conheci uma canadense na fila da Imigração e rachamos taxi e um quarto no centro da cidade.

Minha primeira impressão da cidade foi ótima: mais limpa que Jakarta, as mulheres usando shorts e roupas normais nas ruas, a região dos albergues realmente movimentada. Carrocinhas com comidas de todos os tipos, indistinguíveis, e parques por todos os lados. A cidade é bastante verde, e os HoChiMinhguenses (como se chama quem mora em Ho Chi Minh?) aproveitam os parques pra jogar peteca (eles são ótimos nisso!), fazer exercícios depois do expediente, ou simplesmente relaxar. Aliás, me chamou a atenção como os vietnamitas são preocupados com a saúde: além dos exercícios nos parques, eles usam máscaras para se proteger da poluição e também do sol (vi protetor solar com fator 81 aqui, pela primeira vez na minha vida!).

Um dos parques de Ho Chi Minh.


Uma das coisas mais legais que vi foi o Museu da Guerra, que é bastante impressionante. Além de armas, aviões e tanques utilizados, tem uma grande exposição de fotos de gente despedaçada e muita informação sobre o efeito que as armas químicas causaram e ainda causam até hoje nos vietnamitas. Já se está na terceira geração desde o fim da guerra e ainda há crianças nascendo com deformidades. Fiquei pensando, será que esse também vai ser o destino do Japão, depois do vazamento nuclear?

Vietnamita sendo jogado de avião. Não, não tirei foto dos despedaçados.

Massagens e afins

Nada mais barato na Indonésia que salões de beleza. Eles estão por toda parte, oferecendo manicure, pedicure, depilação, corte de cabelo, tudo a preço de banana: uma média de 10 reais cada serviço. Ficam várias mulheres na frente das lojas entregando panfletos e oferecendo os serviços. Tentador. Eu mesma não resisti e experimentei a depilação (que é sempre feita com roll-on, então pensem bem pra não cometerem o mesmo erro que eu e solicitar virilha). Mas entre todos os serviços, o mais frequente e impossível de não sucumbir são as massagens. Porque isso é literalmente oferecido por todos: se vem alguém querendo vender colares e pulseirinhas na beira da praia e a gente não compra nada, no final vão acabar oferecendo uma massagem. E geralmente começam a fazer mesmo sem a gente pedir, tipo uma degustação.

Descobri na prática que cada ilha da Indonésia tem um estilo diferente de massagem: a de Bali é diferente da de Lombok, que por sua vez é diferente da de Java. Em 1 mês tive quatro tentativas: uma a 4 mãos em Lovina no quarto do hotel, outra com pedras quentes em um salão em Kuta, em Sire Beach uma excelente mas de só meia hora em um spa, e em Pangandaran de novo no meu quarto e pela primeira vez feita por um homem (geralmente são mulheres que oferecem esse serviço). O preço médio é de 60.000 rúpias (o equivalente a 12 reais). A de pedras quentes paguei um pouco mais (100.000, ou 20 reais), mas era de 1 hora e meia de duração. Vale experimentar todas – e mais de uma vez, se der tempo.

sábado, 23 de abril de 2011

Como ser famoso em 1 passo

No início é engraçado, mas depois de um tempo acaba sendo um pé no saco. Se alguém tiver vontade de saber como é ser uma celebridade, é só ir pra Indonésia. Cumprimentar todos é o de menos, isso é até divertido, principalmente pela cara de felicidade deles ao receberem uma resposta. Mas tirar foto toda hora não dá pra aguentar!

Nas primeiras vezes que me pararam eu pedi pra tirar também. Gradualmente parei de fazer isso, já tinha muita foto de gente desconhecida. No final, comecei a recusar – não por ser má, mas porque toma muito tempo toda a tiração de foto. Geralmente eles vem em grupo, tem que tirar foto com o celular de cada um e mais de uma vez: agora todos juntos, agora nós dois, agora pro meu profile no Facebook,... Mas na primeira vez que recusei, acham que adiantou? O cara bem feliz parou na minha frente, fazendo o vezinho com os dedos típico dos asiáticos, e o amigo tirou a foto. Extremamente irritante! Não condeno mais artistas que se estressam com os fotógrafos, por que tem que se estar de bom humor todos os dias?



quinta-feira, 21 de abril de 2011

Bordel em Java

Conheci uma galera no hotel em que fiquei em Pangandaran, e na nossa última noite decidimos procurar algum bar mais animadinho pra fazer uma despedida. Fomos jantar e nos indicaram um bar para ir depois, que estava completamente morto (num sábado a noite, diga-se de passagem).

Parte da galera: Lisa (Alemanha), Sebastien (França), eu, Max (Holanda) e Florent (França).

Foi então que surgiu a ideia de ir a um dos bares que ficavam no final da praia. Um dos guris tinha passado por lá na noite anterior e disse que estava animado.

Chegamos lá e tinha vários bares com música alta, um do lado do outro e todos bem animados. Até então parecia tudo normal, achamos que fossem karaokês, com gente bem ruim cantando. Quando entramos no primeiro caiu a ficha de onde a gente tava.

Bom, nunca fui em bordel no Brasil, mas nunca imaginei ver coisa assim em país muçulmano. As putas deviam ter por volta de 20 anos, e a maioria caindo de bêbada. Ah, e na verdade não era karaokê, a cantora que era muito, mas muito ruim!

A de vermelho é a cantora!

Ficamos um tempo e saímos. Na saída passamos em outro bar. A música estava alta, então parecia que tinha gente. Entramos e estava completamente vazio. O engraçado é que estávamos em número igual de homens e mulheres, podendo bem ser todos casais, mas mesmo assim, sem cerimônia, uma menina nos levou até uma porta, abriu e apresentou a puta, que nos mostrou que ali era o quarto dela (minúsculo, por sinal) e a cama. Isso foi o que entendemos através de mímica. O mais engraçado foi o holandês, que estava na frente do grupo, tentando disfarçar e pedindo desculpas pra puta por a gente ter acordado ela com o barulho. Hehe... Pangandaran acabou nos mostrando bem mais do que o que a gente queria ver!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Descansando

Quando tiro férias, sou daquele tipo de turista que não para. Tenho a impressão de que descansar é perda de tempo quando se está em um lugar diferente, então faço o máximo que posso, durmo pouco e às vezes acabo voltando quase mais cansada do que quando saí, precisando de férias das férias. Antes de começar essa viagem, ficava imaginando como eu me comportaria, porque 7 meses e meio em ritmo intenso não dá. E o que tenho feito é intercalar, sempre que possível.

Depois de três dias quase sem dormir visitando vulcões e mais dois dias em Jogjakarta, fui pra Pangandaran pra descansar. Foi ótimo! Surfei um dia, em outro aluguei uma moto e fui pra praia de Batu Karas, visitei um Parque Nacional (e vi mais centenas de macacos), vi rios e cavernas de água verdíssima. Pangandaran sofreu um tsunami forte em 2006, e talvez por esse motivo se veja placas de alerta a tsunami e indicando rota de fuga por tudo!



 
O Green Canyon e Green Valley, que ficam ambos entre Pangandaran e Batu Karas, são imperdíveis! Engraçado como lugares como esse não são mais divulgados e conhecidos, fiquei pensando como nunca tinha ouvido falar deles antes...

Olha a cor da água!

Green Canyon.

 
A única coisa que não deu muito pra fazer nesses dias foi manter o bronzeado. Em país muçulmano é extremamente desconfortável ir para praia de biquíni. Ficam todos olhando, pedindo pra tirar foto ou simplesmente tirando foto sem pedir. O melhor é evitar roupas curtas, e mesmo com todo o calor encarar uma calça e, se der, blusa de manga comprida.

sábado, 16 de abril de 2011

Jogjakarta e arredores

Jogjakarta é o centro cultural de Java. Uma cidade grande e bagunçada, mas relativamente agradável e com muitos atrativos. Muito comércio na rua (ou camelôs), carrocinhas com comidas, ateliês de arte. Em Jogjakarta assisti a um ballet local e a uma apresentação de fantoches, típico do local. Ambos contam a mesma história, Ramayana,  um conto hindu.

Teatro de fantoches.

Ballet.


É o ponto de partida pra Borobodur e Prambanan, os mais famosos templos da Indonésia. O primeiro é budista, o outro hindu. Os dois estão listados como Patrimônio Mundial pela UNESCO, e como cidadã do mundo me acho na obrigação de conhecer o que me pertence.

Borobodur na minha opinião é bem mais bonito que Prambanan, mas isso se deve também ao fato do primeiro estar bem mais inteiro que o segundo. Ambos foram afetados por terremotos, e Prambanan foi muito prejudicado com isso.

Templo de Borobodur.

Templo de Prambanan.


Em Jogjakarta estava dividindo quarto com uma americana que conheci no tour do Ijan, e ela me recomendou ir para a praia de Batu Karas. Depois de toda correria e das intermináveis horas dentro de ônibus, decidi seguir o conselho e ficar uns 4 dias na praia, fazendo nada. Comprei minha passagem pra Pangandaran, praia do lado de Batu Karas, e fui.

Primeiros dias em Java

É impressionante como o ser humano é adaptável. Tem coisas que acontecem comigo que só depois que paro pra pensar me dou conta do absurdo que foi. E foi assim minha ida pra Java.

Peguei uma van que me levou de Kuta, em Bali, até Probolinggo, em Java. Só indonésios, e ninguém falava inglês direito. Me colocaram no banco da frente, entre o motorista e um outro cara que tava sentando na janela. Tinha lugar na van, e eu queria ir atrás pra me encostar na janela e dormir melhor, mas eles me falaram que eu não podia ir lá. Bom, fazer o quê. Cheguei em Probolingo as 4h da manhã, e queria ainda tentar fazer o tour pra ver o nascer do sol no Bromo no mesmo dia. O cara da van me deixou em uma agência, e claro que fui extorquida pelo fato de só ter aquela agência naquele lugar e naquele horário. Aí aprendi que tudo, mas absolutamente TUDO deve ser checado antes de fazer qualquer pagamento. Depois de pagar pelo tour, me colocaram em uma moto com um cara e falaram que primeiro eu ia com ele. No meio do caminho perguntei pro cara onde a gente tava indo. Ele me disse que pra casa dele, pra eu deixar minhas coisas lá durante o tour. Chegamos na casa dele e acordamos a esposa dele e a filha, que ficaram espiando atrás da porta. Deixei minhas coisas na garagem e só aí me informaram que o tour seria feito de moto, e não de carro. 1 hora e meia de viagem. Dei uma reclamadinha mas me conformei e fui. No meio do caminho, o cara que tava me levando me perguntou: tu tem óculos de sol? Sim, ainda bem que estava com eles na minha bolsa! Mas por que? Por causa da atividade do vulcão tem muita cinza no meio do caminho, então é bom pra proteger os olhos. Quando alguém diz que tem muita cinza, não se imagina o que é muito. E era realmente muuuuuito! Nem os óculos de sol adiantaram, fechei os olhos e assim fiquei praticamente durante a viagem toda, era impossível manter abertos. Desejei ter um óculos de mergulho naquele momento. Chegando no topo, ele olha pra mim e tem um ataque de riso. Conheço muita gente que nesse momento ia surtar de raiva com toda a situação.

Finja que nada está acontecendo e sorria!


O Bromo é um vulcão que voltou a atividade em novembro do ano passado. Muita gente vive em volta do vulcão, porque é uma região extremamente fértil. Porém, com as cinzas do vulcão, todas as plantações foram destruídas, e a única coisa que eles fazem agora, até que o vulcão pare novamente, é varrer todo dia, sem parar, pra tentar manter a casa limpa. Eles tem pás também pra tirar as cinzas da frente das casas. Assim como as pessoas fazem em países com a neve, eles fazem com as cinzas. Durante esse período, o governo ajuda eles financeiramente, pois eles simplesmente não tem mais do que viver.

Cidade cinza.

Plantações cinzas.

De volta a casa onde havia deixado minhas coisas, estavam nos esperando com um café da manhã enorme! Tudo servido no chão da garagem, o que pra gente é um absurdo mas pra eles super normal. E o chão era limpíssimo também, de lajota clara, não se via uma sujeira! No café da manhã tinha banana empanada frita, arroz, peixe frito, peixe seco, uma lula ensopada deliciosa, diversos tipos de pimenta, água pra beber. É assim o café da manhã na Indonésia. E a comida é muito boa em geral, mas praticamente tudo é frito, difícil encontrar alguma comida saudável.

Bom, aí eles tavam tentando me vender um tour pro Ijan (outro vulcão) para o mesmo dia, que saía dali em 2 horas. Mas o preço era absurdo! E em Java é muito mais difícil negociar valores que em Bali, eles resistem muito até darem algum desconto. Falaram que de jeito nenhum podiam fazer o preço que eu queria – estavam me pedindo 550 mil, eu queria pagar no máximo 400 mil ( o que equivale a 40 dólares). Aí falei que não, que estava podre de cansada, então que me levassem pra um hotel e eu ia decidir com calma o que fazer, depois de dormir. Aí acabaram cedendo no preço, e fui.

Pra chegar no Ijan o único caminho é por uma estrada que não dá nem pra acreditar no estado. O motorista da van tinha um ajudante, que de tempos em tempos descia do carro pra orientar qual o melhor jeito de passar pelos buracos. Nunca vi coisa igual! A sensação é de que a gente não ia chegar nunca! Mas chegamos. Dormimos em um hotelzinho pra subir o Ijan no dia seguinte.

Passei a noite mal, e no dia seguinte quase desisti de chegar ao topo do vulcão, de tão mal que estava. Parei, respirei por uns 10 minutos e segui. Não tinha ido até ali pra ficar no meio do caminho e ver as fotos dos outros com arrependimento depois. E ver o pessoal que trabalha ali, subindo e descendo aquele morro de chinelo, sempre com um cigarrinho no canto da boca, e carregando por volta de 20 quilos de enxofre nos ombros, pra ganhar por volta de 5 dólares por dia, também me motivou. Segui até o fim e valeu a pena. Acho que o cheiro do enxofre acabou me ajudando também a melhorar, porque quando desci já não sentia mais nada!

Cratera do Ijan.

E segui viagem para Jogjakarta.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

5 dias em Lombok

Claro que é pouco tempo e que não foi suficiente pra fazer tudo o que eu queria. No fundo nunca é. Sempre se poderia fazer mais, e talvez isso seja bom, uma desculpa para voltar um dia.

A ida para Lombok foi estressante: 3 horas de ônibus até Padangbai, compra da passagem do ferry pro destino errado (venderam falando que o ferry ia até Senggigi, mas uma vez dentro fomos informados que ia até Lembar, a duas horas de distância de Senggigi), 4 horas de viagem de ferry e mais 2 horas até o destino certo – Sire Beach, há 15 minutos de Senggigi. O stress todo valeu a pena: praia deserta, areia branca com corais e ao fundo o monte Rinjani, que infelizmente não pude subir pois requer no mínimo 2 dias, sendo 3 o ideal.

Sire Beach, com Rinjani ao fundo.


Ir para outra ilha da Indonésia é praticamente como ir para outro país: muda paisagem, muda cultura, o comportamento das pessoas é completamente diferente. As praias em Lombok são definitivamente mais bonitas que em Bali, boas para mergulho e ao sul, como em Kuta Lombok, boas para surf. Mas as pessoas em Bali são muito mais agradáveis e simpáticas, e na minha opinião isso se deve a religião e filosofia de vida: tirando Bali, onde a maioria é hindu, a maior parte das 17 mil ilhas da Indonésia são muçulmanas. Para quem não sabe, a Indonésia é a maior nação Islâmica do mundo. Nada contra os muçulmanos, e aqui eles também não são tão radicais como por exemplo no Egito – dificilmente eles tem mais de uma esposa, as mulheres usam o véu na cabeça mas nunca cobrem o rosto inteiro, se vê maior integração entre homens e mulheres. Mas ainda assim os hindus me parecem mais felizes.

Mas voltando à viagem, foram 2 dias em Sire Beach e 3 em Kuta Lombok. Kuta é ótima para quem está aprendendo a surfar: na beira da praia não tem onda, tem que pegar um barco para passar as barreiras de corais e surfar em alto mar. E isso é bom porque para iniciantes - ou pelo menos no meu caso - leva-se um tempo para sentir segurança e ficar de pé na prancha, e quando fica-se de pé já é hora de descer porque a onda está chegando na areia. Em alto mar dá pra seguir com a onda até onde quiser, desde que se esteja ciente de que depois se tem que nadar de volta – o que é a pior parte. Não podiam inventar uma prancha com um motorzinho atrás, hein? Seria tão mais fácil...

Barcos a espera de turistas.

Em alto mar.


domingo, 10 de abril de 2011

Encantadora Bali

Bali, para mim, ainda é minha ilha preferida na Indonésia. A maior parte dos mochileiros acha um absurdo a minha opinião, pois consideram Bali muito turístico. E por que motivo o que é turístico é ruim? No fundo não somos todos turistas? Mas enfim, Kuta é bastante turístico como a maioria diz, até por ser perto de Denpasar, onde fica o maior aeroporto de Bali. Ubud também é bastante turístico, e na minha opinião até mais que Kuta, mas todo mundo vai e adora! Agora, tirando esses dois destinos, o resto da ilha é bastante tranquilo, com poucos turistas e muitos balineses.

Alugamos um carro e pegamos a estrada central da ilha, que vai de Denpasar a Lovina. O caminho não pode ser mais lindo: terraços de plantações de arroz, templos, vales e montanhas. As estradas são todas pequenas e muito, mas muito movimentadas. Não existe muita regra de trânsito, mas limite de velocidade não é um problema, pois dificilmente se consegue atingir velocidade maior que 60 quilômetros por hora – eu diria que a média é de 40. Os carros, caminhões e motocicletas ultrapassam ao mesmo tempo, muitas vezes sem se importar se vem alguém no sentido contrário ou não, eles que desviem! E no fim tudo dá certo. Em um mês que passei na Indonésia, só vi um acidente de moto, e mesmo assim nada grave. Aqui as crianças dirigem motos desde os 10 anos de idade, e dificilmente se vê menos de 3 pessoas sobre uma. Mas voltando ao assunto, vale muito a pena alugar um carro pra ter a liberdade de parar para fotos. Em aproximadamente 4 horas se vai do sul ao norte, chegando a Lovina. Lovina é uma praia de areia escura, como a maioria por aqui, devido aos resíduos vulcânicos.

Vista da estrada, de Denpasar a Lovina.

Praia de Lovina, ao nascer do sol.


Chegamos a Lovina e fomos recepcionados pelas três Mades, que vieram oferecendo pulseirinhas, cangas, massagens e o que mais fizéssemos menção de precisar: fazemos qualquer negócio! Todos aqui são assim: se a gente pergunta as horas, oferecem relógios. Voltando pro hotel molhado do mar? Toalhas. Mas não é nada agressivo, chega a ser engraçado. Eles insistem um pouco, mas aí se a gente muda de assunto eles se divertem também, conversam, fazem as perguntinhas básicas: Where are you from?, Where are you going? What’s your name? E toda vez ao responder “Brasil”, o comentário é “Ohhh, Brasil!!! Ronaldo! Kaká!”. Meus amigos decidiram que iam começar a mentir que eram do Brasil, porque o entusiasmo não é o mesmo quando a resposta é “England”, ou “Sweden”, ou qualquer outro país europeu. Isso tem de monte por aqui, não é motivo pra empolgação.

Perto de Lovina visitamos um templo budista e águas termais. Lindos ambos, um dos pontos fortes da viagem.

Templo budista Brahma Vihara Arama.

Águas termais, ou Air Panas. Em Banjar.


Seguimos viagem para a costa oeste, onde paramos em Medewi para a cerimônia da maior Lua Cheia dos últimos anos. Todos no hotel estavam muito felizes com a presença do sacerdote que só aparece em ocasiões especiais. E eu feliz por ver tudo aquilo e tirando fotos sem parar. Um senhor me parou pra fazer as perguntinhas básicas que todo indonésio faz, e no meio da conversa me dei conta e perguntei se ele era o sacerdote. Sim, era ele! Comentando com o pessoal que trabalha no hotel sobre o ocorrido, todos ficavam impressionados: não é qualquer um que tem a honra de falar com o sacerdote! E isso foi exatamente o que senti quando descobri quem ele era, e foi a resposta que dei pra ele: é uma honra! Recebi a benção e o desejo de uma boa viagem. Com tantos deuses me protegendo, nada pode dar errado!

Esse sentado na casinha é o sacedote.

Cerimônia da Lua Cheia.


De Medewi recrutamos locais pra nos levar pra uma trilha no West Bali National Park. Dois dias de trilha, subindo e descendo morro com muita lama devido à época de chuva, muitas sanguessugas, plantas que irritam a pele, banho em cachoeira, fogueira pra esquentar a água do café, cozinhar o frango do jantar. E muitas frutas diferentes, que só Deus sabe o nome... Nessa noite houve um terremoto que não sentimos, pois dormimos em redes. E durante a noite muitos sons da floresta: macacos, mosquitos, veados...

Trilha no West Bali National Park.


Voltamos a Medewi e fomos então para Ubud. É realmente lindo, todos os hotéis tem um pequeno jardim central, com os quartos em volta. A cidade é uma obra de arte: esculturas que não acabam mais, muitos artistas locais com oficinas por todos os lados, restaurantes com vista para as plantações de arroz... Mas muito mais caro do que os outros lugares de Bali.

Entrada do meu hotel em Ubud.


De volta a Kuta, algo me dizia que eu devia ir para Lombok, outra ilha da Indonésia que não estava nos planos iniciais. Vamos?

domingo, 3 de abril de 2011

Oferendas

A maior parte da população de Bali é hindu, e bastante religiosa, senão até supersticiosa, pois não sei até que ponto os rituais são religião ou superstição. Sempre que fazem a primeira venda do dia, eles pegam a nota de dinheiro recebida e batem em cima de toda mercadoria que ainda tem por vender. E as oferendas então, estão por toda a parte, o tempo todo. E são elas que dão um cheiro especial a Bali, que eu senti e identifiquei quando cheguei e quando voltei de Lombok pra Bali. As oferendas consistem em cestinhas de palha, onde eles têm que colocar alimentos dentro e às vezes incenso.

Oferendas.


Tive uma explicação mais detalhada sobre isso com o Made, que foi meu guia na trilha que fiz de dois dias no West Bali National Park. O Made fez uma oferenda quando estávamos entrando na floresta, pedindo permissão pra entrar, depois fez outras duas no local do acampamento, que segundo ele uma era pros deuses outra pros espíritos da floresta. A dos deuses tem que ter quatro cores diferentes, sendo que não pode ter branco. E nesta se acende um incenso. Na outra, pode ter arroz, e é pra que os espíritos permitam a nossa estada na floresta. Segundo ele, interrompemos o caminho deles amarrando as redes às árvores, pois os espíritos se deslocam entre elas, então a oferenda acaba sendo quase uma compensação. Ele disse que na verdade é muito mais complexo do que isso, mas leigos como nós não conseguiríamos entender – nem ele explicar com seu inglês básico.


Nosso guia Made, pedindo permissão e proteção para entrar na floresta.


Pequeno dicionário Indonésio

Em duas semanas aqui até que já estou me virando bem no Indonésio. A língua é fácil, eles não conjugam verbos, falam tipo índio. Então o que às vezes parece errado é exatamente o jeito certo de falar. E pra não esquecer no futuro, segue aqui a lista do que já aprendi (ou do que pelo menos lembro agora):

Selamat pagi – Bom dia (até às 11h)
Selamat siang – bom dia (das 11h às 14h)
Selamat sore – boa tarde (das 14h às 18h)
Selamat malam – boa noite
Selamat tidur – boa noite (pra alguém que está indo dormir)
Selamat datang – bem vindo
Selamat minum – saúde (no sentido de “tim tim”!)
Selamat makam – bom apetite
Selamat tinggal – tchau, para quem está ficando
Selamat jalan – tchau, para quem está partindo
Jalan – rua
Jalan jalan – viagem
Jalan kaki – vou a pé (kaki significa “pernas”)
Apa kabar? – como você está?
Kabar baik – bem
Baik – bem
Apa – o que
Apa itu? – o que é aquilo?
Apa ini? – o que é isso?
Air – água
Gula – açúcar
Kopi – café
Susu – leite
Buah - fruta
Mata hari – sol
Mata – olho
Hari – dia
Jam – hora
Minggu – semana, e também Domingo
Nama saya Laura – meu nome é Laura
Hati hati – cuidado
Anak – criança
Enak – delicioso
Terima kasih – obrigada
Sama sama – de nada
Sama – igual, o mesmo
Berapa? – quanto?
Harga - preço
Sudat ada – já tenho
Mahal – caro
Dingin – frio
Panas – quente, calor
Gereja – igreja
Sekola – escola
Nasi – arroz
Mie – noodles (ou miojo)
Bebek – pato
Ayam – frango
Lele - enguia
Warung – restaurante
Mobil – carro
Motor – moto
Cuci – limpo
Bahasa – idioma
Oleh oleh – presente de viagem
Miskin – pobre
Sudat miskin – já estou pobre (eles adoram essa frase, acham super engraçado e param de insistir na venda!)
Belum – ainda não
Sebelum – antes
Sesudah - depois
Bisa – verbo poder
Om suasti astu – cumprimento religioso. Significa mais ou menos "paz no seu coração e no mundo"

Satu – um
Dua – dois
Tiga – três
Empat – quatro
Lima – cinco
Enam – seis
Tujuh – sete

Oito e nove não consigo decorar!

Sepuluh – dez
Sebelas - onze
Seratus – cem
Seribu – mil

Mais duas semanas aqui e saio fluente! :)

Os perigos de Bali

Bali é uma ilha perigosa. Quem fica aqui por um tempo corre o risco de pisar em uma das milhares de oferendas feitas constantemente pelos hindus. Ou pior, sair daqui para outro país e continuar abanando e cumprimentando todo mundo na rua ou na estrada, respondendo sempre as mesmas perguntas: de onde você é, qual o seu nome e pra onde você está indo. Outro perigo também é o de nunca chegar no horário planejado ao destino, devido as constantes paradas pra fotos nas estradas, onde facilmente pode-se acabar perdendo o olhar, nos infinitos terraços de plantação de arroz.

Por aqui não existe ficar sozinho, sempre alguém vai parar pra conversar ou pra pedir pra tirar uma foto – tem que cuidar muito pra não deixar a fama subir a cabeça! E além de populares, aqui viramos milionários, fazendo saques de dois milhões nos caixas eletrônicos (o que equivale na verdade a aproximadamente 200 dólares) e comprando mais do que se pode carregar, eventualmente. Mas os milhões também acabam sendo investidos em massagens diárias, oferecidas aqui em qualquer ruela de Kuta ou outras praias.

Enfim, quem vem pra Bali corre o sério risco de não querer mais sair. Ou então de ser obrigado a voltar um dia. Pronto, meu amor foi declarado!


O parque dos dinossauros

O único tour que fiz em Darwin foi pra Litchfield, um dos parques nacionais da Austrália. Lindo, várias cachoeiras que estavam com maior volume de água devido à temporada de chuva.

Uma das cachoeiras no Parque de Litchfield.


Mas o mais impressionante do tour foi o início, um outro passeio que pode ser feito a parte, que se chama Jumping Crocs. É um passeio de barco em um rio cheio de crocodilos. No barco, eles têm tipo uma vara de pesca com um pedação de carne como isca, e então ficam batendo com ela na água até os crocodilos aparecerem, e pularem tentando pegar o bifão. Os crocodilos têm aproximadamente 3 metros de comprimento, e ver eles a menos de 1 metro de distância, ziguezagueando até o barco lentamente e esperando com paciência o momento certo de dar o bote é realmente uma experiência jurássica.

Essa foto foi tirada sem zoom. Sim, eu tava muito perto!

O pulo do gato! Ops... Do crocodilo!