Depois de Christchurch, passei de novo por várias cidades que já havia passando quando estava indo para o sul. Só que dessa vez com chuva. Realmente tive sorte com o tempo durante minha estada, porque quando o tempo está ruim todas as atividades são canceladas e não se tem muito o que fazer. Dá pena de quem tem o tempo contado e não pode esperar por uma melhora do clima.
Pra mim o tempo melhorou exatamente quando eu precisava: indo para o extremo norte da Nova Zelândia, Bay of Islands, mais especificamente Paihia. Havia decidido ficar três noites em Paihia para aproveitar praia e porque queria passar meu aniversário na praia. São Pedro não me decepcionou.
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Paihia. |
No meu primeiro dia fiz um passeio a Cape Renga, extremo norte da Nova Zelândia. O local é bastante importante para os maoris, pois se acredita que é para lá que todos eles vão depois que morrem, e que a alma deles deixa a ilha através de uma pequena árvore que eles chamam de Te Aroha. Aparentemente, os espíritos deles descem para o mar usando as raízes dessa árvore como degraus, e então continuam a jornada deles para o Hawaiki, ou mundo espiritual.
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Cape Renga. |
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O farol. |
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Olha a árvore lá na pontinha! |
O guia desse passeio era maori e ficou sabendo do meu aniversário no dia seguinte, e como seria o dia de folga dele, gentilmente se ofereceu pra me mostrar a região e explicar mais sobre a cultura local. E foi o que eu fiz, depois do meu tão esperado salto de paraquedas pela manhã. Ou nem tão esperado assim.
Decidi saltar depois de tanto me oferecerem saltos pela Nova Zelândia, e de ouvir as experiências de quem fez. Acho que era a única coisa na minha vida que sempre disse que nunca ia fazer, e por isso achei que ia ser algo bem marcante para o meu aniversário de 30 anos – que não é bem uma data feliz. Sabia que ia estar nesse dia em Paihia, e durante minhas andanças pelo país ouvi falar que esse é o lugar de onde se salta mais alto (16 mil pés) e que era também o lugar mais barato. E como barato e grátis são minhas palavras preferidas, decidi que ia encarar. Torcendo um pouquinho – mas bem pouquinho! - pra que o tempo estivesse ruim, assim o salto seria cancelado.
O dia estava perfeito! Um dos melhores de toda minha viagem! Me buscaram no albergue e fui. O medo maior é antes, até chegar ao aeroporto, vestir a roupinha e te amarrarem.
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Medo! |
No momento que entrei no avião – e depois de ter certeza de que o meu instrutor não sofria de depressão e ainda tinha amor pela vida - decidi que não ia ter medo e que ia aproveitar. O voo dura uns 30 minutos, e a vista é linda! Estávamos em seis mais o piloto, sentados no chão de um avião minúsculo, quase que um por cima do outro. Eu estava torcendo pra não ser a primeira a saltar, porque na minha cabeça se eu fosse a primeira e algo de errado acontecesse, não ia ter ninguém pra me segurar. Fui a última. E quando realmente chegou a hora, não dá tempo de ter medo. É sentar na porta do avião e pular, ou “ser pulada” pelo cara que estava grudado nas minhas costas. A melhor parte é no início, durante a aceleração. Depois que se atinge a velocidade máxima (aproximadamente 200 km / hora), a sensação é de estar flutuando. E aí é difícil de prestar atenção em tudo. Durante os 70 segundos de queda-livre não sabia se aproveitava a vista, se me concentrava na sensação de estar caindo ou se respirava. Porque dependendo da posição da cabeça, o ar entra rápido demais e não se consegue respirar. Quando tinha esquecido já que em algum momento o paraquedas ia abrir, ele abriu. E aí é como se fosse outro brinquedo num parque de diversões. O instrutor comanda o paraquedas fazendo giros, mudando de velocidade e direção. Aterrisei com um sorriso no rosto que permaneceu até o dia seguinte.
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Tentando respirar e apreciar a vista ao mesmo tempo! |
A tarde fui pra praia com o Rob (o guia maori) e então ele me levou, de carona na sua bicicleta, a Waitangi, onde foi assinado o Tratado de Waitangi, que tornou a Nova Zelandia parte do império britânico, mas garantindo os direitos dos maoris sobre as terras. O lugar é bem bonito, e as histórias são demais. Aprendi que existem diferentes tipos de esculturas maoris, variando de tribo para tribo. E que a maior parte delas conta a história de Kupe, o primeiro maori a chegar na Nova Zelândia (vindo da Polinesia). Geralmente as esculturas mostram ele, a esposa e o neto, que foi quem voltou pra Nova Zelândia pra colonizar o país.
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Coluna maori. |
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Uma waka (canoa maori). |
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Eu e Rob. |
E então encerrei minha estada na Nova Zelândia com mais 2 noites em Auckland. A cidade é bem legal, mas cheia de brasileiros. Acho que até agora, foi o lugar onde mais ouvi português. Mais até do que em Sydney.
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Harbour. |
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Domain. |